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24 de fevereiro de 2025
Ajudando o filho a adultecer

Em cada fase da vida os pais tem papéis diferentes. Na infância os pais são espelhos que refletem a criança e que a criança se reflete, são formadores, que ensinam aos filhos os valores , as regras da sociedade que vivem; são enfim a base segura para trilhar os próximos passos na vida. Na adolescência os pais são como elásticos firmes mas flexíveis que dão liberdade para que o adolescente possa se descobrir e descobrir o mundo, mas que continuam sendo a base de apoio para onde voltam.

Na passagem da vida adulta os pais são incentivadores e continuam a ser apoio ,mas pouco a pouco o ninho tem que se tornar pequeno para que o jovem adulto possa querer voar para construir seu próprio lugar no mundo.

Quando essas fases não são vividas de forma plena, ou seja a criança não tem a segurança e o modelo positivo , o adolescente não é incentivado em sua autonomia e o jovem adulto tem suas asas cortadas, o desenvolvimento fica estagnado o que gera sofrimento.

A infância e a adolescência são preparações para a vida adulta. Comparo a infância a uma gestação social, onde a criança vai se formar , se fortalecer, aprender as regras sociais e se relacionar com os outros . A adolescência seria então o parto: com todas as dores ,embates e contrações para que o jovem possa sair para o mundo.

Imagine um parto mesmo, com o bebê já pronto e os pais empurrando de volta ao útero. Gera dor e sofrimento para todos, e uma baita energia desperdiçada.

Por isso aos pais de jovens adultos ou que estão chegando a vida adulto: que possam ajudá-los a adultecer.

Quer saber como? Primeiro pense como você sente com as demonstrações de autonomia do seu filho ? Orgulhoso, sente como uma conquista? Ou sente como uma afronta? Ou fica ansioso/a?

É importante nos olharmos na relação porque a criança/adolescente é muito mais sensível as emoções que percebem em nós do que nas palavras , percebendo se uma não está coerente com a outra.

Segunda questão: como foi vivida a autonomia na sua casa, com a família de origem? Foi tranquilo ou ficou algo mal resolvido? Quando tivemos dificuldade de tornarmos indivíduos adultos separados, isso vai refletir na forma que lidamos com nossos filhos.

Vamos pensar algumas dicas?

*Ofereça uma base segura. Quando existe afeto, coerência e consistência da educação, temos segurança para explorar o mundo de forma mais tranquila . Ao contrário se vivemos negligência, violência, incoerência em relação as regras vemos o mundo como um lugar hostil e confuso.

*Estimule a responsabilidade ( de acordo com seu desenvolvimento e sua capacidade) desde cedo Quando assumir responsabilidades é um processo gradual é mais tranquilo fazer a passagem para a vida adulta. Quando existe muita descontinuidade a ansiedade é maior.

*Não faça pelo seu filho o que ele é capaz de fazer. Estimular a autonomia e o sentimento de auto eficácia é importante para a autoestima e para a crença que a pessoa tem recursos para lidar com a vida

*Estimule a fazer escolhas. Isso não quer dizer colocar na criança a responsabilidade pela sua vida, esse papel é dos pais. Mas fazer escolhas que reforcem sua individualidade e que não ofereçam riscos ou não tenham consequências a longo prazo ( como escolher a roupa que vão vestir) vão ajudar a lidar com a liberdade de escolher e suas perdas e ganhos .

*Ensine a lidar com a perdas e tristezas de forma saudável e não compensatória. O filho ficou triste por algo que aconteceu? Que tal ao invés de comprar algo ou tentar distrai-lo , você não conversa e ajuda a lidar com aquele sentimento. Percebo que muitos adultos não sabem lidar com o sofrimento e acabam usando muletas ( sexo, drogas, remédios)como se esses momentos não fizessem parte natural da vida.

*Respeite a individualidade do seu filho. Filhos não são xerox dos pais.

* Crie filhos reflexivos e não apenas obedientes. Adultos obedientes ficam perdidos quando a vida exige que tomem suas próprias decisões.

*Trabalhe a responsabilização por erros cometidos. Foque no erro e não na pessoa. Xingar, gritar fazem com que a pessoa sinta-se mal e não desenvolve a capacidade de reparação.

Você acrescentaria mais alguma coisa?

Um grande abraço e até a próxima